VI UMA LUZ NO CÉU
- Saulo César Paulino e Silva
- há 6 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 4 dias

Compartilhar nossas experiências, por meio de crônicas ou contos, é uma vivencia literária enriquecedora, pois contribui para que os leitores lancem seus próprios olhares e suas próprias verdades sobre o que se narra.
Nessa perspectiva, antes de iniciar, gostaria de deixar uma observação, que tem como mote a seguinte máxima empregada pela escritora Ana Cristina César: “ literatura não é documento “!
Dito isso, vamos para a história .
Era uma noite de frio, do mês de junho, se não me engano de algum ano de minha infância. Eu e minha mãe caminhávamos de volta para casa após uma reunião que acontecia semanalmente em uma igreja que frequentávamos .
Naquele tempo, havíamos mudado da Zona Leste, da Capital Paulista para a Zona Norte, mais precisamente para o Conjunto dos Bancários, recém construído, também na Capital, próximo ao Horto Florestal.
Me lembro, como se fosse hoje, que ao caminhar pela Avenida Santa Inês, ainda era possível identificar os trilhos do ramal que levava o trem para o Jaçanã, o mesmo trem cantado por Adoniran, o Barbosa, e eternizado em sua música “O trem das onze”.
Em São Paulo, fazia muito frio, e as noites ainda não eram afetadas pelo excesso de luminosidade. Descíamos uma rua íngreme, de nome Isolina, ladeada de terrenos baldios, que aos poucos iam sendo ocupados, porém ainda tinham muita vegetação.
A nossa frente, algumas construções já denunciavam a urbanidade premente; e por detrás de um conjunto de prédios baixos, a lua despontava semicircular com seus mistérios eternos.
O frio apertava, e eu me agarrava ao braço de minha mãe, buscando conforto momentâneo.
Mal conversávamos para que a baixa temperatura não congelasse nossas almas, evitando, assim que nos tornássemos esculturas petrificadas na escuridão.
Foi num relance, de repente, sobre as silhuetas dos apartamentos em blocos, que vimos uma luz meio alaranjada, do tamanho de uma bola de futebol , se deslocando geometricamente linear, sem emitir qualquer som.
Em um primeiro momento, achei que poderia ser um avião voando em baixa altitude. No entanto, como não havia qualquer ruído essa hipótese foi logo descartada.
Mas o que seria então?
No final dos anos de 1960, as informações eram muito restritas. O governo militar controlava o que podia ou não ser divulgado nos jornais, nas rádios e na televisão. Dessa forma, além de não ter muito conhecimento, eu era apenas uma criança e não tinha ideia do que poderia ser aquela estranha luz, tampouco minha mãe que ficou emudecida durante todo aquele evento.
Assim que a luz desapareceu em algum ponto entre a lua e as estrelas, retomamos o nosso caminho, sob o frio congelante e as inúmeras perguntas sem respostas.
Anos mais tarde, passei a me interessar por esse tema e a pesquisar a respeito. Um dos primeiros assuntos que me deparei era conhecido como
Foi assim que me tornei fã da boa ficção científica no cinema e da também boa literatura do mesmo gênero como, por exemplo, daquela produzida por Isaac Assimov.
Mesmo após tantos anos desse acontecimento, em noites escuras, iluminadas pela lua, ainda olho para o céu e me questiono: aquela luz seria o que? 🛸
Um dos filmes de ficção que assisti inúmeras vezes e recomendo tem o seguinte título: “Cargo, o espaço é gelado”.
Deixo a dica.
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