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O SÓSIA

Atualizado: há 21 horas

Criação by ADA-IA
Criação by ADA-IA

Essa narrativa é baseada em uma experiência real, que vivi na minha juventude. Com 23 anos, nos idos de 1980, passei no curso de Educação Física, na Universidade de Mogi das Cruzes. Estava muito feliz com aquela conquista!

O deslocamento até o campus, à época, se dava principalmente por trem urbano, que saía da Estação Roosevelt, localizada no Brás, bairro operário e tradicional da cidade de São Paulo, adentrando aos ramais férreos rumo a Zona Leste da Capital.

Não raro, entre os passageiros, uma figura se destacava! Era um homem de estatura mediana, terno preto, surrado pelo tempo, com bigodes também pretos, um chapéu e um guarda-chuvas a tiracolo. Sempre quieto, deslizava entre bancos e pessoas, e de repente desaparecia em uma estação qualquer.

O conjunto chamava a atenção pela singularidade da obra. Para os menos avisados, poderia-se pensar que se tratava da reencarnação do genial inventor brasileiro, pai da aviação.

Durante o tempo que durou o curso, nas inúmeras viagens de trem para a cidade de Mogi, tive o prazer de conviver, ainda que esporadicamente, com aquela figura ímpar!

Com o passar dos anos, veio a modernização da malha ferroviária urbana e com ela muitas histórias orais, do cotidiano nas viagens de trens, foram se esmaecendo.

Paralelas com a ferrovia, surgiram as novas instalações do metropolitano, responsáveis pela desativação e supressão de várias estações como Engenheiro Sebastião Gualberto, Vila Matilde, Patriarca dentre outras.

Na memória, ficaram o cenário de vagões obsoletos, pintados por fora com as cores cinza e azul; bancos de madeira transversais, luzes fracas amarelecidas, e o som do atrito do ferro com os trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal, RFFSA (sucateada pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, e incorporada pela FEPASA, atual CPTM).

Me recordo, como se fosse há pouco, o cheiro da lona, queimada dos freios, com a aproximação da parada seguinte, que envolvia o ambiente. Em meio aos passageiros, surgia aquele personagem saído de um verdadeiro túnel do tempo.

No entanto, hoje, quando paro pra pensar, uma pergunta fica ainda no ar:

Aquele homem franzino seria um sósia quase perfeito ou uma aparição do espírito de Santos Dumont?

Se você fez essa viagem (literária ou não), talvez possa ajudar a me responder!


Aproveito para compartilhar uma música de minha autoria, intitulada “Da Penha a Lapa” em que rememoro e homenageio o trem para Mogi das Cruzes.


Espero que apreciem!


Na imagem, acima, com amigos do curso de Educação Física, da Universidade de Mogi das Cruzes, na antiga estação de trem da cidade, nos anos de 1980.


 
 
 

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