Dando sequência às publicações de pessoas amigas, que produzem algum tipo arte nas mais variadas áreas da expressão humana, trago para os leitores e leitoras a arte de Adriano Adiala. Instrumentista, compositor e letrista com forte engajamento social,apresenta um trabalho sólido, reconhecido internacionalmente. Recentemente, tive o privilégio de redigir o texto de apresentação de seu mais recente trabalho: "Trilogia", ainda inédito para muitos brasileiros, infelizmente. Na atualidade, desenvolve outro grande projeto, lidera o Coletivo Meninos Gaitistas do Brasil, cujo objetivo principal é construir pontes sociais para que crianças menso favorecidas tenham voz e vez por meio da expressão artística.
Apresento a vocês "Velho escravo", composição do ano de 1978, em parceria com Sérgio Santana.
VELHO ESCRAVO
Velho preto, barba clara
Enfartado do trabalho
Mira certa do chicote
Apanhando sem razão
Nego vivo, quase morto
Amarrado no seu tronco
Com a vida pelos pulsos
Amarrado feito um cão
Cão da terra mão de sangue
Fé domada sob o sol
Onde o dia se ignora
E a vida só diz não
Hoje, os ventos inda trazem
No suor o seu cheiro amargo
Na lembrança dos que agora
São escravos mesmo livres
Velho preto, barba clara
Ontem preso na senzala
Hoje, em salas e edifícios
Onde o tempo faz chorar
A canção Velho Escravo carrega a beleza da dor e da tristeza. Paradoxos criados pela nossa história. Uma canção que talvez ficasse muito interessante numa versão de O Rappa.