Outro dia, ouvi o relato de uma mãe a respeito de uma pergunta, de seu filho, de apenas 05 aninhos, que a fez refletir sobre a vida.
Criado em condomínio de luxo, em uma cidade da Grande São Paulo, tinha uma rotina bastante programada.
De manhã, saia para a escolinha, de tarde natação e aulinhas de inglês. Ao final do dia, voltava para casa, transportado pelo motorista da família.
Era recebido por uma das empregadas da casa, banho, roupinha cheirando a lavado, e depois a sopa como jantar.
Com o cair da noite, o movimento na casa passa a diminuir. Os empregados terminam suas tarefas, e se preparam para a dura realidade da volta.
Alguns sabem que terão de enfrentar ao menos duas horas no transporte público, que os levarão até os extremos da Metrópole para, no dia seguinte, reiniciarem a mesma Rotina.
A mãe do garotinho chega em casa. Alta executiva de multinacional, com certa consciência de classe, abre a porta do quarto, abraça o filho, e com ternura lhe dá um beijo de boa noite.
O menino acorda, sorri e pergunta:
Mãe, pra onde vão as pessoas marrons?
A meu ver, vão para o mesmo lugar que vão as brancas, pretas, amarelas, são pessoas como todas as outras pessoas. Elas tem vida, sonhos e planos, histórias como qualquer uma de qualquer cor. A cor quem determina é a sociedade, as pessoas que rotulam, mas do fundo do meu coração espero que elas vivem tão bem ou melhor do que qualquer outra que não seja marrom, como elas... Que a cor não as façam se sentirem menores, mas, sim nobres, belas por serem marrons.
Pra onde vão?
Vão para algum lugar ou apenas vão?