Reler um texto, que foi escrito há muito, nos faz reviver histórias pessoais (e às vezes não). Nesse post, de hoje, compartilho algumas memórias de tempos de infância familiar e quase adolescência (ou seria quase juventude, talvez?,) quando a vida ainda era (ainda é?) um grande mistério. Mas o interessante, na reconstrução interpretativa desse texto, é que o seu autor, que conviveu de perto com a gente, parece ter se convertido nas personagens que, naqueles tempos, ele mesmo criticava.
Essa reflexão me faz lembrar ou intetextualizar com histórias de jovens "revolucionários", que, passados alguns anos de suas rebeldias utópicas, tornaram-se algozes ideológicos de si mesmos, emanando frases, quase sempre "chavões" como: "isso era coisa de jovem", " a gente não tinha nada na cabeça" e por ai vai. Outros se tornaram pastores de ovelhas, supostamente perdidas, lendo suas bíblias manipuladas.
É nesssa perspectiva que resgato esse texto do autor, GVS, das perdidas décadas de 1980, e que, anos depois de sua também "rebeldia juvenil", deixou de ser voz, passando a ser protagonista de sua própria narrativa crítica.
Está certo, ou errado?
Difícil julgar os caminhos individuais que cada um escolhe para e por si.
Sigamos.
Aos mesquinhos engravatados,
atrás de suas luxuosas escrivaninhas.
Aos boys , bois louros,
dourados pelos sol.
Aos que fazem tudo,
que não fazem nada, políticos.
As feministas, que ficam gritando,
e se esquecem de explicar.
Aos poetas, que só escrevem amor, flor
não comentam a dor, é duro para as
suas almas.
Aos leitores, que se comovem,
não se movem.
Aos revolucionários, que após a revolução,
se esquecem de seus ideais,
e acabem fazendo tudo de novo.
Aos doutores, que já descobriram a cura
da doença incurável e que não usam
porque sofrem da pior das doenças, a avareza.
Aos professores, que não ensinam,
abortam o feto da sabedoria
por questões monetárias; não justifica.
Aos alunos, que se realizam apenas
por terem um papel com seu nome no diploma,
e que não sabem nada.
Aos intelectuais, que passam o dia
procurando no dicionário palavras
que julgam ser bonitas, porém, na
verdade, são palavrões; o povo não
os entende.
Aos humildes, que não entendem e aplaudem
e depois morrem por serem subnutridos,
no laudo médico dá enfarto do miocardio.
Aos líderes sindicais, que lutam, brigam
até ficarem famosos, depois se tornam
fantoches manipulados.
Aos padres pastores, presibíteros, papas,
líderes de seitas, que se aproveitam da boa-fé
de seus crédulos para rechear os seus bolsos
e que pregam, e não fazem.
Não nos esqueçamos de Jim Jones.
Aos idolos, que julgam serem deuses
e acabem escravos do vício, e depois
da morte se tornam manchetes; só que
não podem ler.
As prostitutas que vendem seus corpos,
"vêm com os seios nas mãos" já dizia Vinícius.
Depósitos ambulantes de espermatozoides.
Aos anões da noite, que com o pretexto
de se divertirem, vão aos shows de mulhers
nuas, boates e depois procuram uma
floricultura aberta e levam flores
para suas esposas, que os recebem
com a pureza da rosa.
Aos belos, que se olham no espelho,
e se admiram, e não sobra tempo
para mais nada, nem para limpar o espelho.
Ao donos do mundo, que não são donos
e sim mordomos todos nós, que somos
protagonistas ou figurantes deste
espetáculo decadente chamado
" CIVILIZAÇÃO".
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