Hoje, segunda-feira, 11 de julho, ainda no ano de 2022, amanhecemos menos vivos, que ontem.
Aos poucos, o fascismo brasileiro vai devorando nossa sanidade, diluindo, em meio ao ódio e a perplexidade, a indiferença coletiva com quase um milhão de mortos na contabilidade oficial de um Ministério da Saúde, atolado em denúncias de corrupção, somados aos assassinatos diários.
Diante desse quadro grotesco, Nero vai incendiando o que resta de dignidade e de esperança.
Os livros perdem espaço para as armas, o conhecimento plural se desmonta diante do fanatismo fundamentalista, habitado por demônios seculares!
Hoje, amanhecemos mais mortos que ontem e a “Patria Amada” parece sussurrar, em meio a alguns laivos de democracia, pedido de socorro diante da insolvência célere.
Nosso jardim foi pisoteado e as flores arrancadas pelas bocas malditas, em busca de carne fresca e sangue jovem.
Deus, que habitava o mundo da nossa ancestralidade, demonstra sua reprovação e seu desagrado com os canibais fardados.
Hoje, amanhecemos menos vivos, mais mortos, menos civilizados, mais bárbaros, mais famintos, menos saciados, mais monstruosos e menos humanos!
São Paulo, 2022
Com certeza, hoje, amanhecemos mais mortos, mortos em nossas próprias perdas, pois quanto mais deixamos de olhar para o "outro", menos vivos estaremos. Como poderemos viver, se o outro não é mais importante? Estamos tão envoltos em nós mesmos, que nem notamos o quanto estamos sozinhos... Falamos muito em amor, mas praticá-lo está longe, falamos muito em fazer o bem, mas fazê-lo, passamos longe disso... Nos tornamos como máquinas, ligadas no automático, pisando em flores, ao invés de regá-las e arrancamos árvores ao invés de plantá-las... E falamos de Deus, nos achando certos e únicos, Deus olha e pensa, creio eu, no que se tornou o homem que criei para amar e viver eternamente, eis que morremos, e nem percebemos…