Compartiho com os leitores minha dissertação, que foi defendida na PUC-SP, em meados dos anos de 1990. Recentemente, revisei o material, atualizando-o, para ser publicada pela Novas Edições Acadêmicas. A ideia de compartilhar esse trabalho vem ao encontro de proporcionar material de qualidade para aqueles interessados no tema "leitura", relacionando-o à construção de sentido do texto poético.
Deixo, também, disponibilizado um link para que se possa realizar o download completo da obra, sem qualquer custo.
Peço a gentileza, se acharem pertinente, de deixarem seus comentários e, na medida do possível, nos ajudem na divulgação. Aproveito, ainda, para convidá-los a conhecer outras publicações deste nosso blog.
Obrigado.
APRESENTAÇÃO
UM CONVITE À COMPREENSÃO DA INTELIGIBILIDADE
Maria Célia Lima-Hernandes - Universidade de São Paulo
Lidar com perspectivas diferentes é a rotina de todo professor. Interage
com os alunos, coloca-se no lugar deles para encaminhá-los para um ponto
de entendimento da matéria ministrada e incentiva-os a ler textos que
pressuponham um exercício mental necessário ao crescimento e maturação.
Sem perder isso de vista, Saulo César Paulino e Silva, em seu livro
Construindo os sentidos do texto poético, transcende a tarefa rotineira do
professor: evidencia que há formas de leitura que devem ser compreendidas
como movimentos individuais e como graus de proficiência tendo em vista os
objetivos de cada leitor.
Um dos tipos de texto que mais comumente é inserido, na escola, no
campo das subjetividades é justamente o texto poético. Como alcançar a
leitura que o professor faz em voz alta? Chegarei um dia a compreender
essa obra do mesmo modo que meu professor? Essas são algumas
questões que alunos formulam ao ouvirem o professor descortinar um mundo
interpretativo todo novo. Então, a sala de aula coloca em confronto dois tipos
de mentes em funcionamento: a mente madura e cognoscente do professor,
que, em sala, vai abrindo portas de interpretação a cada verso lido
coletivamente. A ideia comumente aceita é que a leitura e a interpretação
feita pelo aluno só é válida num primeiro momento, o de primeiro contato,
após o que só a voz do docente pode ser replicada em provas e exercícios.
consciência da própria condição enquanto se lê um texto? É preciso exercitar
essa conscientização para se deslocar entre os vãos de significação
propiciados pelos alunos e pelos leitores comuns.
Essa é a meta proposta neste livro, que traz não somente uma reflexão
profunda sobre os movimentos interpretativos (e manifestados pelas vozes)
de três tipos de Leitores: o professor, o aluno e o comum. O primeiro (Leitor
Professor) com seus movimentos de que remanescem reflexões racionais; o
segundo (o Leitor Comum) que realiza um processo de rememorização de
vivências pessoais, entre subjetividades; e o terceiro (Leitor Aluno), que
constrói experiências de recriação narrativa, como se não pudesse, em seus
movimentos afastar-se de si. Para cumprir essa meta, Saulo César Paulino e
Silva ainda assume para si a responsabilidade de elaborar um exercício de
aproximação com esses leitores. E a consequência mais generosa não
poderia ser outra: enquanto explicita os exercícios, vai criando as pontes que
favorecerão o estreitamento das relações entre docente e aluno no trabalho
de construção dos sentidos do texto poético. É um convite à leitura e à
reflexão sobre perspectivas diversas, justamente o que falta como material
ao professor de literatura e de língua portuguesa. Iniciemos as leituras,
portanto!
Comments