Desde as suas origens, o país convive com um deficit habitacional crônico, que perdura até os dias de hoje. A ideia de favela é acompanhada por um lado de estigmas, relacionados aos estereótipos da marginalidade social, pobreza e miséria. Por outro lado, a favela (carioca), por meio da arte, do samba, compostos por autores consagrados (e também anônimos) desceu os morros para preencher o imaginário das noites boemias do Rio de Janeiro, antiga Capital do Brasil.
Essa dualidade entre a visão estigmatizada por um lado e a idealização artística, por outro, nos inspirou a pensar um título em que a palavra "Favela" ganha contornos polissêmicos, partindo do substantivo "Favela", sendo adjetivado pelo não mais substantivo próprio, "Brasil".No decorrer do texto, ainda, é possível observar que essa polissemia se revela novamente, após "Favela" deixar de ser substantivo, transformando-se em verbo, na sua forma infinitiva "favelar".
Nesse sentido, acreditamos que o papel da arte, e consequentemente, do artista, é criar, transgredir, reler para ser reinterpretado.
Gostaria de convidar aos leitores, leitoras, amigos e amigas a conhecerem essa música, que compus recentemente, e que tenho o prazer de compartilhar com tod@s vocês.
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Desce do morro moleque
Favela, favela, Brasil
Favela, favela, vamos favelar
Favela, favela, Brasil.
Vida sem riso não há
País com racismo não dá
Troca o verbo armar
Vem nossa escola sambar
Desce do morro moleque (...)
Vejo nos olhos do povo
Esse desejo crescer
A liberdade é de todos
Vamos querer renascer
Desce do morro moleque (...)
Vida sem riso não há
País com racismo não dá
Troca o verbo armar
Vem nossa escola sambar
Obs. Para quem tiver interesse, compartilho o link do excelente texto "Histórico das favelas na cidade do Rio de Janeiro", de autoria de João Carlos Ramos Magalhães.
Fa Vela o destino desses meninos filhos de um tempo sem tempo, onde a sirene soa sílabas de solidão. Fa Vela que revela o outro lado do lado de lá dos nossos sentimentos. Fa Vela e refaz nossos ideais de sociedade justa além do papel do estado e da ladroagem.Amém.