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Foto do escritorSaulo César Paulino e Silva

DOBRANDO A ESQUINA DOS TEMPOS INTEMPÉRIES & OUTROS TEXTOS - HEITOR PALADIN


Obs: São pássaros em bando neste desenho da capa.

 

Apresentamos, nesta manhã de terça-feira, 30-08-2022, em que o vento e o frio cortam as nossas peles, sob um final de agosto, mais alguns belos textos produzidos pelo amigo, professor e geógrafo Heitor Paladin.

Foi em terras chilenas, abençoada por Allende, nos idos de 2015, em um Congresso Internacional en la Universidad de los Lagos, que tive o prazer de conhecer o Heitor. Militante das causas sociais, da educação pública e de qualidade, em particular, define-se como um verdadeiro "Paladin" revolucionário (com a devida "venia", pela brincadeira :).

O autor de "Dobrando a esquina dos tempos intempéries", com um olhar à esquerda para as mazelas de nossa sociedade sul continental latinoamericamente, destaca-se como um estudioso da geografia humana, preocupado com as causas indígenas, amante da prosa livre, regada a cerveja gelada, com boa Música Popular Brasileira.

Em "Outros textos", nos brinda com uma retrospectiva do processo criativo de sua obra, publicada, artesanalmente, ainda nos anos de 1990, "Trapaças", fazendo, inclusive referência ao meu, também, quase-ídolo dos estudos da linguagem,"Roland Barthes".

Sejam bem vindos e bem vindas a nossa publicação.


Espero que apreciem.


 

DOBRANDO A ESQUINA DOS TEMPOS INTEMPÉRIES


O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu. Saltitando em calendários. Fomos tão jovens. Descia as ruas sem medo dos abismos. Abraço ponteiros, até quando distantes. 9h15. Analógicas analogias. Isso cansa. Estou atrasado. Corre Alice. A fábrica de espelhos faliu. A de chocolate virou sessão da tarde. Estamos sem tempo. Sem ar. Sem espaços. Há sistema financeiro nas telas. Nas veias. Corre. A poesia virou textão. Aff! Ufa! Fui.


 

OUTROS TEXTOS


"Para Roland Barthes (1978) em sua AULA",

é através da linguagem ou da língua, sua expressão obrigatória que se inscreve o poder, justificando sua crença nas palavras de Renan, que afirmava que a língua não se esgota na mensagem que produz. Por trás das palavras, cuidadosamente escolhidas pelo emissor, existe uma mensagem em que se faz ouvir conteúdos além daqueles que foram ditos. Barthes acredita que, quando falamos, somos mestres e escravos das nossas palavras, mestres porque temos a perspicácia de arrumar a língua de tal maneira a exprimir nossa ideologia utilizando signos que, a priori, seriam arbitrários, mas que, impregnados de intenções implícitas, tomam forma de discurso ideológico; e também escravos, pois ficamos à mercê da interpretação que o outro fazer sobre as nossas intenções.

O autor ainda afirma:

"Mas a nós, que não somos nem cavaleiros da fé nem super-homens, só resta, por assim dizer, trapacear com a língua, trapacear a língua... porque o texto é o próprio aflorar da língua, e porque é no interior da língua que a língua deve ser combatida, desviada: não pela mensagem de que ela é o instrumento, mas pelo jogo das palavras de que ela é o teatro".

Essa concepção de que participamos de uma peça de teatro onde somos todos atores aparece também em Goffman, que afirma que somos grandes atores, representando um texto , que nós mesmos produzimos, mas não o fazemos sozinhos, posto que é na interação que o sentido é construído, e remete, ainda, o conceito de face às máscaras que usamos para nos proteger, tal qual é feito na literatura."

TRAPACEAR a linguagem é um modo de almejar e construir liberdade, a via da literatura é uma grande possibilidade.


Uma vez há 32 anos atrás, meu primeiro livro.


Anton Heitor: Poesias feitas até na longa espera em filas de caixas de bancos, pois fui office boy. As chamei de Geo poesias, estava chegando em Floripa para fazer Geografia na UFSC. O lançamento do livro foi na festa de recepção aos calouros da Fafi (hoje UNISO) em Sorocaba. Meu amigo Fernando Kudder (@radiocomida) declamou as poesias entremeando as apresentações musicais daquela noite. Depois fomos beber no Shogun até nós expulsarem para acharmos outros bares. Vender os exemplares do livro de mesa em mesa naquele julho de 1990 pagou minha passagem de volta a Desterro, a ilha de Santa Catarina. Doces, poéticos e ferrados (ser estudante de graduação longe da família nunca foi fácil) tempos.

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