Saulo C. Paulino e Silva
Substantivo sua beleza para tê-la mais intensa nas mãos. Atravesso os seus olhos impermeáveis e percebo-me no desejo! Corro quilômetros sobre quilômetros, e canto uma canção andaluz. Reviro-me, reviro-me! Amplio o espaço do silêncio, onde as páginas do futuro escrevem-se por si só. Dói-me o corpo e a cantiga de ninar é já outra. Balanço-me no vagão deste trem, trilho sobre trilho, retos, definidos, e ainda paralelos. O tempo dá voltas, circula em bissetrizes, reaparecendo em um próximo ponto qualquer, cartesianamente exato.
As palavras se repetem, repetem-se, repertir-se-ão, iguais, porém diferentes diante dos possíveis leitores. Oculto a loucura atrás do sorriso pálido. Não a minha! Os muros, as árvores, a chuva que criam o relfexo no asfalto se mostram culpados. Queria, em dias como esses, a cidade menor, menos conhecida e menos apagada.
Procuro o substantivo para adjetivá-la, torná-la menos sólida, menos dura! Sua essência se me parece híbrida e não justaposta. Atravesso os becos à noite. Reviro as latas, os corpos, os copos, as garrafas vazias, os gestos esquecidos na umbra do infinitum.
Perdoem-me o exagero das palavras, a lassidão de um sentimento mais preciso, exactum, no seu contexto. As palavras desprendem-se do eu, são, agora, o ele, o outro, alheias e ocultas. Gostaria de ter uma crônica para inventar o momento, em que significados soltos e dispersos convergem para um lugar comum.
Queria que fosse outro outubro, outro eu, que escreve. Porém faltam-me as conjunções precisas para adversar o mote, referenciar a glosa, que incompleta-se nas entrelinhas.
Nesse vídeo, realizo uma breve interpretação desse texto.
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