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Foto do escritorSaulo César Paulino e Silva

A POESIA MAIS TRISTE QUE JÁ FIZ - HEITOR PALADIM

Atualizado: 3 de abr. de 2023





Recentemente, um aluno esfaqueou e matou uma professora em uma escola pública, localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo.

O que levaria um adolescente de apenas 13 anos a ter um comportamento desses?

O que é ser professor nesses tempos sombrios, herdados de um Governo fascista, que incentivou a morte das mais diversas formas?

É nesse contexto que Heitor Paladim, também professor, constrói suas reflexões .

 

Essa poesia sangra: Elisabeth.

Thomazia, Rita de Cássia, Sônia.

A branca arma eleita

Na enquete infinda

Que é a vida

Que faz nascer a morte

Contínua.

Prepara planeja encena

O que dona morte matou além do lugar

E das perguntas

E da mulher

Da professora?

Atenção a chamada:

Tristeza! Presente.

Medo! Presta atenção, Medo! Presente, eu.

Ausência! Presente.

Descalabro! Tô aqui.

Estapafúrdia! Eu...

Alegria.

Alegria. Alegria?

Tá de atestado, Prô.

Covardia. Covardia?

Está entrando agora, Prô!

Futuro.

Futuro!

Futuro?

O futuro não veio.

Faltou.

Esse faz turismo

quando vem.

Elisabeth

Elisabeth

Elisabeth

...

Nossos trabalhos

Muitas histórias inteirinhas

As que seriam

Das que já foram.

As que seriam

E nos fugiram das mãos.

Das que nem sequer viriam.

Tantas infâncias,

Aqueles dias a dias,

adolescências.

Vidas.

Lugares.

Sorrisos. Cadê?

Nesta manhã não esqueçam

Desalinhar as carteiras

É permitido.

Até o que não é

Será

Salve se quem puder

Quem corre mais

Chorará pouco.

Vivemos a morte morrida.

Lamentável esquete

Que a câmera assegura

Monitora

o despreparo

Grava

A surpresa

Quem nem pediu prá nascer,

quem nem queria crescer

leva embora leva embora.

Vou te botar prá fora

Dona

É prá copiar?

Vai cair na prova?

Quem nem pediu prá morrer.

A lâmina arruina

seres que queriam ser.

Cicatriz tatua

A violência

feita a fórceps.

Tudo o que se constrói a manhã fria engoliu.

O que nos restará o tempo brinca.

Ninguém ali brincará

por esses tempos.

Esse hoje é sem merenda

Neste instante o lugar vira o mundo.

Desavessa

transversa

Desconversa

Sim nos cabe

Amargor

Tia, posso ir no

'banhero'.

Põe o papel no lixo

Menino.

O Espetáculo espanta,

(Respeitável público.

Tirem as crianças)

ladies and gentlemen, surpreende.

Não se ensina

sim se aprende.

Essa poesia

está em prantos. (Feita por Heitor Antônio Paladim Júnior, tristeza pouca é bobagem. Viva Vila Sônia. Prá sempre viva Elisabeth)


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